Timbuktu — A capital do Império Mali que, no século XIV, foi a cidade mais rica do mundo.

No século XIV, a cidade de Timbuktu tinha a população cinco vezes maior que a de Londres.

Timbuktu atualmente.

A cidade de Timbuktu está localizada no Oeste Africano, no Mali, a cerca de 20 km do rio Níger. Embora hoje Timbuktu não mostre a beleza que tinha em sua época áurea, essa cidade já chegou a ser uma das mais ricas do mundo. Timbuktu, em 1988, foi tombada como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.

No século XIV, os três lugares mais ricos do mundo eram Irã/Iraque, China e o Império Mali. Desses três, somente o Império Mali era independente. Nesse mesmo período, a cidade de Timbuktu tinha a população de 115 mil habitantes, o que é 5 vezes mais do que a de Londres medieval.

O homem mais rico do mundo, Mansa Musa, foi o imperador do império Mali, que no século XIV cobria o Mali, Senegal, Guiné e Gâmbia. Quando morreu, Musa valia o equivalente a 400 bilhões de dólares, valor esse que nunca foi superado na história da humanidade. Nessa época o império Mali produzia mais da metade do abastecimento mundial de ouro e sal.

Quando Musa foi em peregrinação a Meca, em 1324, ele levou tanto ouro que o valor daquele metal caiu por 10 anos na região. 60 mil pessoas o acompanharam nessa peregrinação.

Durante o reinado de Musa, a famosa biblioteca de Timbuktu foi fundada e os manuscritos que tratavam de todas as áreas do conhecimento foram escritos. De acordo com o professor Henry Louis Gates, haviam cerca de 25 mil estudantes universitários na cidade.

A universidade corânica de Sankoré foi, possivelmente, a primeira universidade do mundo, e pesquisadores acreditam que ela foi fundada no século XII. Djinguereber , Sidi Yahya e Sankore eram os três principais centros de aprendizagens e escritos medievais revelam a exploração européia no local

A universidade era composta por outras escolas ou faculdades independentes e cada uma contava com seu próprio mestre. Os estudantes seguiam um único professor e as aulas eram dadas em pátios abertos dentro das instalações da universidade ou em residências privadas. A venda e compra de livros chegou a ser um mercado ainda mais lucrativo do que o comércio de ouro local.

A universidade de Sankoré se organizava diferente das universidades europeias, nela não existiam administração central, registro de estudantes ou cursos prescritos para os estudos.

Ainda hoje, a universidade corânica de Sankoré, onde na época áurea do Império Mali passaram cerca de 50 mil sábios muçulmanos, funciona e conta com cerca de 15 mil universitários.

Em Timbuktu ainda existem cerca de 700.000 livros que sobreviveram aos ataques e ao tempo. Os escritos incluem medicina, matemática, direito, astronomia e poesia. Esta foi a primeira enciclopédia do mundo, existindo ainda no século XIV. Os europeus só teriam a mesma ideia 4 séculos depois, no século XVIII.

Michael Palin, na sua série de TV Sahara, disse que o Imam de Timbuktu:
“Tem uma coleção de textos científicos que mostra claramente os planetas circulando em torno do Sol. Datam de centenas de anos . . . É prova convincente que os acadêmicos de Timbuktu sabiam mais que seus colegas europeus. No século 15 em Timbuktu os matemáticos conheciam a rotação dos planetas, detalhes do eclipse, coisas que tivemos de esperar 150 quase 200 anos para conhecer na Europa quando Galileu e Copérnico fizeram os mesmos cálculos e pagaram por isso.
A velha capital do Mali, capital de Niani possui um edifício do século 14 chamado Salão de Audiências. Sobreposto por uma cúpula e adornado de arabescos vivamente coloridos. As janelas do andar superior eram talhadas de madeira e emolduradas em prata; as do andar inferior eram talhadas de madeira e emolduradas em ouro.
Marinheiros do Mali chegaram às Américas em 1311, 181 anos antes de Colombo. O pesquisador egípcio Ibn Fadl Al-Umari, publicou o feito em cerca de 1342. No capitulo décimo do seu livro, existe um relato de duas grandes viagens marítimas ordenadas pelo predecessor de Mansa Musa, um rei que herdou o trono do Mali em 1312. Este rei marinheiro não é nomeado por Al-Umari, mas autores da atualidade identificam-no como Mansa Abubakari II.”.

Timbuktu é tida como uma “cidade estranha” por causa de seu ar misterioso. A cidade contém armadilhas, como machados gigantes. Mas também contém tecnologias de ponta do Mali, como imensas portas que, com o calor humano, se abrem.

Conheça a sua história, povo preto!



CONTATOS DA AUTORA:

Twitter/Instagram: @fordessax l @heydessax
Medium: @fordessax
contatovasconcelos@outlook.com

2 comentários

  1. E caiu uma questão no enem 2017 sobre o império Timbuktu. Obrigado pelo texto!

    ResponderExcluir
  2. Andressa boa noite. Estou entrando em contato pois vi este artigo seu que muito me interessou já que estou escrevendo um livro sobre diversos povos únicos e esquecidos da história do mundo e Timbuktu é um dos temas que pretendo abordar. Gostaria se possível indicações de Bibliografias sobre o assunto pois como você sabe as informações do continente africano parecem ignoradas para muitos historiadores. Encontrei a série que a Unesco lançou, mas preciso de informações mais sobre cultura e costumes dos povos desta parte da história africana. Se puder me ajudar agradeço. Abraços.

    ResponderExcluir