Fortalecer nossos quilombos para permanecermos vivos!
"Por menos que conte a história
Não te esqueço meu povo
Se Palmares não vive mais
Faremos Palmares de novo."
José Carlos Limeira.
Para além disso, nós tínhamos um senso ampliado do que eram os quilombos. Eles não se resumiam apenas ao povoado nas matas para onde os escravizados iam a fim de sobreviverem. Os quilombos eram as danças em volta do tambor, as gingas sob o comando do berimbau, o culto e amor aos orixás, a lembrança constante de África, a criação e manutenção dos laços familiares e de amizade entre nós, as ervas colocadas sobre os vergões que o chicote dos brancos deixava em nossas costas, a aguardente que passava de mão em mão, o canto uníssono nas plantações, a ternura e a cumplicidade no modo em que nos olhávamos, a luta que fazíamos dentro e fora das fazendas contra nossos algozes. Os quilombos eram e são cada um de nós que ousa se manter de pé diante de um sistema cujo único objetivo é lucrar com o derramamento do nosso sangue.
Hoje, no dia em que celebramos a Consciência Negra, é preciso resgatarmos a experiência histórica de Palmares e de tantos outros como ele. Se tem uma coisa que ela nos ensina é que fora dos quilombos não há sobrevivência para nós, povo preto. A solução para as mazelas que nos afligem perpassa a construção e o fortalecimento dos nossos quilombos, desde o resgate da nossa ancestralidade até o nosso compromisso com a nossa geração. É importante ainda lembrarmos que os quilombos não se encerraram com a morte de Zumbi e a consequente queda de Palmares. Seu brado de vitória ecoa como fonte de vida até hoje em nós, atormentando o sono de cada um dos nossos inimigos. O legado de Palmares reverbera e reverberará por todas as gerações até que todos nós sejamos, de fato, livres e tenhamos uma vida digna.E, a todos aqueles que subjugam o povo preto, fica aí o aviso: SE PALMARES NÃO VIVE MAIS, FAREMOS PALMARES DE NOVO!
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