BK, processo de escravização, nomes africanos e ancestralidade

Uma reflexão sobre o uso de nomes africanos



Abebe Bikila Costa Santos, conhecido no cenário do rap nacional como “BK”, é um MC carioca que protagonizou uma polêmica com o seu nome de batismo após postar, no stories do instagram, uma imagem onde aparecia um certificado que expunha seu nome. Houve estranhamento geral uma vez que, grande parte do público não imaginava que Abebe Bikila não era seu vulgo, mas sim seu nome de batismo. Nome esse que, por sua vez, é africano.

O nome “Abebe Bikila” é uma homenagem ao maratonista etíope de mesmo nome e significa “a flor que nasce”. Mas aparentemente o público do rap nacional ainda não entende a necessidade e resistência de carregar um nome africano em nossa certidão ou, futuramente, adotarmos nomes africanos. Nos perdemos ideologicamente.

Durante o processo de escravização, africanos eram proibidos de usarem seus nomes e sobrenomes, sendo obrigados a usarem nomes de acordo com a fé católica. Ainda hoje, há uma resistência pela parte dos cartórios brasileiros, a registrar crianças com nome africanos, só sendo possível, em alguns casos, após os pais colocarem na Justiça. Em outros casos, o direito de registro com nome africano é negado.

Acontece que negar o direito ao nome africano também é uma forma de racismo, uma vez que o país é majoritariamente composto por descendentes de povos africanos. Não deveria causar estranhamento um nome de origem africana se, em sua maioria, os nomes aqui existentes são europeus.
Sendo assim, adotar nomes africanos é uma forma de resistência inegável. É uma forma de negar o que o sistema racista nos impõe. Basta o público do rap entender…

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