BLACK IS BEAUTIFUL: Paulette Nardal
Black is Beautiful foi um movimento cultural que emergiu do Black Power Movement – Movimento do Poder Preto nos anos 60.
O Black Power foi um apelo para que o povo preto se unisse e se edificassem em comunidade, reconhecessem sua herança Africana e tivessem direito a autodeterminação, e como Sékou Touré (Stokely Carmichael, integrante do SNCC e Black Panther Party) explicava: “Para nós, o Poder Preto implica que nos libertemos das estruturas opressivas e racistas do poder branco. Isso exige que possamos controlar as nossas coletividades afro-americanas, que possamos dirigir os nossos próprios negócios, que tenhamos um poder de decisão no que concerne a politica e a economia.” [1]
É através dessa mensagem poderosa do Poder Preto e toda a sua atuação, que surge o Black is Beautiful, que embora já tenha sido pensado e proclamado antes por John Sweat Rock [2], só se populariza e ganha corpo através do movimento do Poder Preto. O Black is Beautiful como movimento cultural se caracterizou pelo resgate da identidade e autoestima do povo preto, e pela valorização da cultura negra. Desse modo, o movimento foi responsável por encorajar os pretos a reconhecerem suas africanidades exaltarem suas belezas, terem orgulho de sua cor, de ser e se reconhecer como uma pessoa preta, usar cabelos naturais, roupas afros e turbantes, e reforçar que tudo isso era lindo, ao contrario do que a supremacia brankkka dizia e os fazia acreditar. É importante entendemos que não só significava que "os pretos são lindos", significava também que a cultura negra, os valores africanos e os direitos (e toda a luta por eles) deveriam ser celebrados em geral e em conjunto, por isso surgiu do Poder Preto e reconstruía o processo do Harlem Renaissance – Renascimento do Harlem, dentro desse contexto é fundamental destacar a importância de Paulette Nardal e fazer com que seu nome seja cada vez mais referência quando pensarmos nesse movimento.
Paulette Nardal foi uma das primeiras mulheres pretas a estudar na Sorbonne uma famosa faculdade de Paris, onde cursou letras e depois se tornou jornalista. Sua militância esta muito interligada em uma das coisas que ela mais gostava de fazer, que era poesia. Nardal fez de seu apartamento, que dividia com sua irmã num salão de encontro literário, um espaço de trocas que reunia pessoas pretas de todo lugar para pensar preto, rejeitar a literatura do colonizador da época e encorajar a valorização de outro tipo de narração, uma perspectiva tão particular para os Africanos, tanto em África como na diáspora que era o caso dos Afrodescendentes, quando passou trabalhar como jornalista, escrevia publicações sobre a questão negra e criticas ao colonialismo ate fundar com Leo Sajous, um irmão do Haiti o seu jornal Black World Review – Mundo Negro, a qual o nome foi inspirado em Marcus Garvey e sua organização, a qual Paulette manteve uma coluna especialmente para postar traduções do jornal da UNIA. O Black World Review foi um jornal bilíngue em francês-inglês que tinha como objetivo reunir os intelectuais pretos e os permitirem terem suas obras publicadas, e foi por um ano a voz dos pretos, sobre suas próprias óticas. Sua necessidade de juntar pessoas pretas de toda a parte do mundo a levou a formular o que ficou conhecido como Negritude, que foi um movimento de resgate da humanidade do negro, o qual se insurgiu contra o racismo imposto pelo branco no contexto da opressão colonial. O movimento tinha a proposta de repudiar os valores estéticos da civilização ocidental e buscar valorizar os valores da cultura africana, buscando a afirmação e orgulho racial, Paulette é reconhecida como a Mãe da Negritude, apesar do movimento ter como seus maiores representantes Césaire e Senghor, foi Nardal e outras mulheres pretas como Andree que traçaram o caminho antes e como uma mulher preta consciente de sua historia e trajetória, quando a perguntaram sobre isso ela escreveu: “Césaire e Senghor retomaram as ideias que brandimos e as expressamos com muito mais faíscas, nós éramos apenas mulheres! Nós marcamos o caminho para os homens." Sua amizade com Senghor marcou sua trajetória PanAfricanista tanto na criação e desenvolvimento da Negritude, como quando ela aceita o seu convite e vai para o Senegal em 1937 para firmar compromisso em lutar contra a invasão da Etiópia, em 1938 contra os Italianos fascistas, o exército de Mussolini.
Paulette Nardal participou ativamente do Harlem Renaissance - (Renascimento do Harlem) foi o nome dado à explosão cultural, social e artística que ocorreu no Harlem onde reunia escritores, artistas, músicos, fotógrafos, poetas e estudiosos negros, ficou conhecido tbm como o novo movimento negro, foi onde ela começou a usar e explicar o conceito de BLACK IS BEAUTIFUL, ela passou a sua vida dizendo através de suas poesias, suas colunas, e seu ensino como professora de crianças e adolescentes o quanto o preto é lindo!!
Alem disso, Nardal criou o Rassemblement Féminin, para encorajar as mulheres a votar e participar ativamente da politica, e o Chorale Joie de Chanter, onde lutava pela construção de creches e assistência financeiras para meninas jovens que já eram mães.
Sua historia é contada no Filme “Paulette Nardal: la fierté d' être negresse - Paulette Nardal: o orgulho de ser negra” lançado em 2004. Ela viveu ate 16 de fevereiro de 1985, chegando a idade de 89 anos, 89 anos lutando para se reafirmar como uma mulher preta e reconhecer sua herança africana, seu pertencimento biológico, cultural e histórico com à África.
É necessário ter em mente que nossa luta não começou agora e que não estamos "inventando a roda" podemos reinventar e prosseguir com aquelas que nossos mais velhos nos deixaram, nesse sentido o Black is Beautiful é a continuação de varias lutas e manifestações culturais existentes em qualquer lugar que nosso povo estivesse, nossa luta também já era 'internacionalista" ou seja la o termo que for, antes de pautarem que a luta deveria ser assim. Temos um LEGADO imenso e incrível a conhecer e dar continuidade, que nos dediquemos a isso, a conhecer nossa historia, nosso Povo.
"Nossos passos vem de longe"
Referências:
[1] Livro; Black Power – Cadernos D. quixote n 18
[2] 1825-1866 John Swett Rock foi um pioneiro líder e orador afro-americano nos anos anteriores e durante a Guerra Civil. Um dos primeiros médicos e advogados negros da América e um defensor dedicado dos direitos civis e da auto aperfeiçoamento, ele fez história como o primeiro africano americano a ser admitido na prática antes da Suprema Corte dos EUA.
Link: http://blackhistorynow.com/john-s-rock/
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