*Transcrição e tradução por Carol Correia das palavras de Malcolm X.
Quem te ensinou a odiar a textura do seu cabelo? Quem te ensinou a odiar a cor da sua pele de tal forma que você passa alvejante para ficar como o homem branco? Quem te ensinou a odiar a forma do nariz e a forma dos seus lábios? Quem te ensinou a se odiar do topo da cabeça para a sola dos pés? Quem te ensinou a odiar pessoas que são como você? Quem te ensinou a odiar a raça que você pertence, tanto assim que você não quer estar entre outros como você?
Não, antes de vir perguntar ao Sr. Muhammad se ele ensina ódio, você deve se perguntar quem lhe ensinou a odiar como Deus te fez. Nós ensinamos você a amar o cabelo que Deus lhe deu. Nós não roubamos, não jogamos, não mentimos e não enganamos. Isso também priva o governo da receita porque você não pode comprar uma garrafa de Whisky sem passar pelo selo do governo. Você não pode comprar um baralho de cartas sem passar pelo selo do governo. Aqui, o homem branco faz o Whisky, então o põe na prisão por ficar bêbado. Ele vende as cartas e os dados e o coloca na prisão quando ele o pega usando-os. Então ele está contra nós porque nós consertamos isso, de modo que ele não pode te pegar mais. Nós tiramos os dados de suas mãos e os cartões de suas mãos e o Whisky fora de sua cabeça.
A pessoa mais desrespeitada na América é a mulher negra. A pessoa mais desprotegida na América é a mulher negra. A pessoa mais negligenciada na América é a mulher negra.
E, como muçulmanos, o honorável Elijah Muhammad nos ensina a respeitar nossas mulheres e a proteger nossas mulheres e a única vez que um muçulmano realmente é violento é quando alguém viola sua mulher. Vamos matá-lo pela nossa mulher. Estou deixando claro, sim. Vamos matá-lo pela nossa mulher. Nós acreditamos que se o homem branco fará o que for necessário para ver que a sua mulher obtenha respeito e proteção, então você e eu nunca seremos reconhecidos como homens até nos levantarmos de pé como homens e colocar a mesma pena sobre a cabeça de quem coloca suas mãos sujas na direção de nossas mulheres.
Quem te ensinou a odiar a textura do seu cabelo? Quem te ensinou a odiar a cor da sua pele de tal forma que você passa alvejante para ficar como o homem branco? Quem te ensinou a odiar a forma do nariz e a forma dos seus lábios? Quem te ensinou a se odiar do topo da cabeça para a sola dos pés? Quem te ensinou a odiar pessoas que são como você? Quem te ensinou a odiar a raça que você pertence, tanto assim que você não quer estar entre outros como você?
Não, antes de vir perguntar ao Sr. Muhammad se ele ensina ódio, você deve se perguntar quem lhe ensinou a odiar como Deus te fez. Nós ensinamos você a amar o cabelo que Deus lhe deu. Nós não roubamos, não jogamos, não mentimos e não enganamos. Isso também priva o governo da receita porque você não pode comprar uma garrafa de Whisky sem passar pelo selo do governo. Você não pode comprar um baralho de cartas sem passar pelo selo do governo. Aqui, o homem branco faz o Whisky, então o põe na prisão por ficar bêbado. Ele vende as cartas e os dados e o coloca na prisão quando ele o pega usando-os. Então ele está contra nós porque nós consertamos isso, de modo que ele não pode te pegar mais. Nós tiramos os dados de suas mãos e os cartões de suas mãos e o Whisky fora de sua cabeça.
A pessoa mais desrespeitada na América é a mulher negra. A pessoa mais desprotegida na América é a mulher negra. A pessoa mais negligenciada na América é a mulher negra.
E, como muçulmanos, o honorável Elijah Muhammad nos ensina a respeitar nossas mulheres e a proteger nossas mulheres e a única vez que um muçulmano realmente é violento é quando alguém viola sua mulher. Vamos matá-lo pela nossa mulher. Estou deixando claro, sim. Vamos matá-lo pela nossa mulher. Nós acreditamos que se o homem branco fará o que for necessário para ver que a sua mulher obtenha respeito e proteção, então você e eu nunca seremos reconhecidos como homens até nos levantarmos de pé como homens e colocar a mesma pena sobre a cabeça de quem coloca suas mãos sujas na direção de nossas mulheres.
“Quem te ensinou a odiar a si mesmo” de Malcolm X
Com colaboração de Drik Barbosa, Coruja BC1, Fióti, Kamau e Rael, Emicida transformou a passarela da SPFW em um palco de RAP.
A LAB ousou mais uma vez, como era de se esperar. A LAB, grife de Fióti e Emicida, mais uma vez levou o street para as passarelas da SPFW, quebrando os padrões branco e magro que ali então reinavam. A grife lançou mais uma coleção, intitulada de "Avuá", nas passarelas da semana de moda de São Paulo. A LAB levou para as passarelas nomes como Mc Carol, Iza, Thaíde e BNegão, além de lançar um novo single.
Ao final do desfile, o homenageado foi Wilson das Neves, sambista que morreu no último domingo, 27, e participou da última edição do desfile da LAB. Wilson das Neves era famoso por sua música "O dia que o morro descer e não for carnaval."
Ouça o single de Emicida lançado durante o desfile da grife LAB;
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"Avuá", a nova coleção da grife LAB e single, lançados por Emicida e Fióti, nas passarelas da SPFW
Emmett Louis Till foi um menino negro americano, morto aos 14 anos, após ser acusado, injustamente, de assediar uma mulher branca.
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Emmett Till e sua mãe, Mamie Till-Mobley |
Emmett Louis Till (25 de junho de 1941 - 28 de agosto de 1955) foi um menino negro de Illinois, Chicago, assassinado aos 14 anos na cidade de Money, no Mississipi, após ser acusado de assoviar para Carolyn Bryant, uma mulher branca. O assassinato de Emmett Till repercurtiu tanto que contribuiu também para o crescimento da luta pelos Direitos Civis.
Antes do assassinato
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Emmett Till |
Em 24 de agosto de 1955, Emmett e seus amigos foram a um mercadinho local comprar chiclete, supostamente assoviou para uma mulher branca, Carolyn Bryant, que em resposta mostrou uma arma aos garotos. A história ainda nos dias de hoje é controversa, existindo relatos que dizem que Emmett disse "bye baby" para a mulher antes de deixar o local. É bom recordar que em 1955 ainda estava em exercício as leis de Jim Crow.
onde
Carolyn Bryant contou sobre o "ocorrido" para pessoas conhecidas e a história rapidamente se espalhou pela cidadezinha. O marido de Carolyn Bryant estava em uma viagem no dia do ocorrido, mas assim que retornou ficou sabendo do ocorrido e ficou furioso.
O assassinato
Roy Bryant, seu meio-irmão JW Milan e outro cúmplice do qual ainda não foi descoberto (mesmo
após 60 anos do assassinato), saíram no dia 28 de agosto afim de "ensinar uma lição" para a criança negra. Eles foram até a casa de Wright, o tio de Emmett, sequestraram o garoto e o levaram até um galpão na cidade vizinha, Sunflower Couty. Nesse galpão torturaram Emmett Till, o espancando, arrancando-lhe um dos olhos e, em seguida, atiraram no menino. Um descaroçador de algodão foi amarrado em seu pescoço com arame farpado, o que fez peso no corpo de Emmett. O garoto foi lançado no rio Tallahatchie perto de Pasadena, em Mississipi.
após 60 anos do assassinato), saíram no dia 28 de agosto afim de "ensinar uma lição" para a criança negra. Eles foram até a casa de Wright, o tio de Emmett, sequestraram o garoto e o levaram até um galpão na cidade vizinha, Sunflower Couty. Nesse galpão torturaram Emmett Till, o espancando, arrancando-lhe um dos olhos e, em seguida, atiraram no menino. Um descaroçador de algodão foi amarrado em seu pescoço com arame farpado, o que fez peso no corpo de Emmett. O garoto foi lançado no rio Tallahatchie perto de Pasadena, em Mississipi.
O desaparecimento
O corpo de Till ficou desaparecido por 3 dias, até que um pescador o encontrou no fundo do Rio Tallahatchie, desfigurado e parcialmente em decomposição. Após encontrar o corpo da criança, a polícia em conjunto com os dois irmãos brancos que mataram Emmett, tentaram convencer a população de que o corpo encontrado não era do garoto. Devido ao estado do corpo, as lesões da tortura, a identificação era precária, mas o corpo foi identificado como sendo de fato de Emmett, após reconhecerem o anel que a criança usava, que havia sido de seu pai e sua mãe tinha lhe dado um dia antes do garoto viajar para a casa do tio. Os irmãos Bryant foram acusados do assassinato do garoto no começo de Setembro do mesmo ano.
O funeral
Mamie Till-Mobley, mãe do menino, não autorizou que o corpo de Emmett fosse enterrado no Mississipi, obrigando o corpo a ser levado até Chicago, onde o garoto nasceu e onde moravam até o assassinato.
Já em Chicago, o funeral deveria acontecer com o caixão de Emmett fechado por causa do estado de decomposição que o corpo se encontrava e as lesões que desfiguraram a criança, mas após muita insistência de Mamie o caixão foi aberto e se manteve aberto durante todo o funeral, permitindo que pessoas tirassem foto e vissem o corpo da criança desfigurado. Segundo relatos, durante o funeral Mamie dizia "Eu quero que o mundo veja o que fizeram com o meu bebê". As fotos do corpo desfigurado de Emmett rodaram e rodam todo o mundo.
22 dias após o assassinato, 19 de setembro de 1955, o julgamento de Emmett Till começou. Moses Wright foi uma testemunha chave da acusação dos assassinos de Emmett, onde apontou para o acusado e identificou o assassino de Emmet. Numa sessão de 67 minutos, no dia 23 de setembro, o júri, branco, absolveu os assassinos do garoto. Para a corte que julgou o caso, o suposto assovio de Emmett Till a Carolyn Bryant, no dia 24 de agosto, justificava o linchamento e assassinato da criança. A absolvição dos assassinos impulsionou a luta pelos Direitos Civis.
Em 2004, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos reabriram o caso de Emmett afim de determinar que qualquer pessoa além de Milam, Bryant e Carolyn estava envolvido no assassinato do garoto. Em 2005 o corpo de Emmett foi exumado, porque nenhum autópsia até o momento havia sido feita. O corpo foi enterrado novamente dia 4 de Junho.
O assassinato de Emmett Till impulsionou a luta pelos Direitos Civis dos EUA. Emmet foi descrito como "o cordeiro sacrificial do movimento dos direitos civis". Dois meses após o julgamento, Rosa Parks se negou a levantar do assento a qual estava para ceder a um homem branco, o que explodiu no boicote ao ônibus Montgomery, liderado por Martin Luther King, em um movimento
pacifista.
Chegaram sem avisar
Mascando cacos de vidro
Com suas caras de cal
Os assassinos de Emmett
Entraram sem dizer nada
Com seu hálito de couro
E seus olhos de punhal
Os assassinos de Emmett
Quando o viram ajoelhado
Descarregaram-lhe em cima
O fogo de suas armas
Enquanto justificada
A mulher faz um guisado
Para esperar o marido
Que a mando seu foi vingá-la".
Timothy Tyson escreveu "The Blood of Emmett Till", lançado em 2017. Gwendolyn Brook escreveu o poema "A bronzeville mother loiters in Mississipi". Bob Dylan escreveu "The Death of Emmett Till". Mamie Till-Mobley estabeleceu um grupo chamado "The Emmett Till Players", onde ensinava jovens sobre discursos famosos nos direitos civis, o grupo existe até hoje. Christopher Benson e Mamie Till-Mobley escreveram o livro "The Story of the Hate Crime that Changed America". Whoopi Goldberg anunciou em 2015 os planos para um filme chamado Till, inspirado no livro de Mamie Till e sua peça The Face of Emmett Till. James Baldwin escreveu a peça teatral "Blues for Mr Charlie".
Já em Chicago, o funeral deveria acontecer com o caixão de Emmett fechado por causa do estado de decomposição que o corpo se encontrava e as lesões que desfiguraram a criança, mas após muita insistência de Mamie o caixão foi aberto e se manteve aberto durante todo o funeral, permitindo que pessoas tirassem foto e vissem o corpo da criança desfigurado. Segundo relatos, durante o funeral Mamie dizia "Eu quero que o mundo veja o que fizeram com o meu bebê". As fotos do corpo desfigurado de Emmett rodaram e rodam todo o mundo.
O Julgamento
22 dias após o assassinato, 19 de setembro de 1955, o julgamento de Emmett Till começou. Moses Wright foi uma testemunha chave da acusação dos assassinos de Emmett, onde apontou para o acusado e identificou o assassino de Emmet. Numa sessão de 67 minutos, no dia 23 de setembro, o júri, branco, absolveu os assassinos do garoto. Para a corte que julgou o caso, o suposto assovio de Emmett Till a Carolyn Bryant, no dia 24 de agosto, justificava o linchamento e assassinato da criança. A absolvição dos assassinos impulsionou a luta pelos Direitos Civis.
Os desdobramentos do caso
A revista Look pagou 4 mil dólares aos irmãos Bryant, após o julgamento, para que lhes contassem a verdade. Os assassinos admitiram que sequestraram, espancaram e mataram Emmett sobre o pretexto que "não havia escolha".
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Mamie Till |
O assassinato de Emmett Till impulsionou a luta pelos Direitos Civis dos EUA. Emmet foi descrito como "o cordeiro sacrificial do movimento dos direitos civis". Dois meses após o julgamento, Rosa Parks se negou a levantar do assento a qual estava para ceder a um homem branco, o que explodiu no boicote ao ônibus Montgomery, liderado por Martin Luther King, em um movimento
pacifista.
"O assassinato de meu filho mostrou o que acontece com qualquer um de nós, em qualquer lugar do mundo, seria melhor ser uma obrigação de todos nós." Mamie Till-Mobley
"Eu penso em Emmett Till e sei que não posso voltar atrás." Disse Rosa Parks em entrevista, após se recusar a ceder o lugar no ônibus a um homem branco.
"Toda vez que ouvimos falar desses tiroteios, lembramos da morte de Emmett Till", disse Martin Luther King sobre a violência policial contra jovens negros
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Placa colocada sobre o rio que Emmett Till foi encontrado morto |
A placa, que conta a história de Emmett Till, colocada sobre o Rio em que o garoto foi encontrado morto, foi vandalizada com quase 60 tiros. Enquanto a placa colocada onde ficava a casa de J.W Milam, seu assassino confesso, segue preservada e com flores em frente.
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Placa que mostra a localização da casa de J.W Milam |
60 anos após o assassinato
Em Janeiro de 2017, saiu uma matéria na revista Vanity Fair, sobre o livro The Blood of Emmett Till (o sangue de Emmett Till), que conta que Carolyn Bryant, em uma entrevista em 2007, quando a mesma já tinha 72 anos, confessou que mentiu. Quando Timothy Tyson, autor do livro, a questiona sobre a acusação, ela afirma que "essa parte não é verdade", sobre Emmett Till tê-la agarrado fisicamente e tê-la agredido verbalmente. Carolyn também disse que não se lembrava do resto que tinha acontecido. Carolyn também afirmou que "sentiu uma terrível tristeza" por Mamie Till-Mobley.Obras feitas após o assassinato de Emmett Till
Após a morte de Emmett Till, obras foram feitas em homenagem ao garoto e para que não esqueçamos as injustiças causadas pela Jim Crow.
Vinicius de Moraes escreveu 'Blues para Emmett'
"Os assassinos de EmmettChegaram sem avisar
Mascando cacos de vidro
Com suas caras de cal
Os assassinos de Emmett
Entraram sem dizer nada
Com seu hálito de couro
E seus olhos de punhal
Os assassinos de Emmett
Quando o viram ajoelhado
Descarregaram-lhe em cima
O fogo de suas armas
Enquanto justificada
A mulher faz um guisado
Para esperar o marido
Que a mando seu foi vingá-la".
Timothy Tyson escreveu "The Blood of Emmett Till", lançado em 2017. Gwendolyn Brook escreveu o poema "A bronzeville mother loiters in Mississipi". Bob Dylan escreveu "The Death of Emmett Till". Mamie Till-Mobley estabeleceu um grupo chamado "The Emmett Till Players", onde ensinava jovens sobre discursos famosos nos direitos civis, o grupo existe até hoje. Christopher Benson e Mamie Till-Mobley escreveram o livro "The Story of the Hate Crime that Changed America". Whoopi Goldberg anunciou em 2015 os planos para um filme chamado Till, inspirado no livro de Mamie Till e sua peça The Face of Emmett Till. James Baldwin escreveu a peça teatral "Blues for Mr Charlie".
(o vídeo contém imagens fortes do corpo exposto, desfigurado e em decomposição de Emmett Till)
Infelizmente todos os documentários e vídeos sobre Emmett Till estão disponíveis apenas em inglês, porém assim que possível essa postagem será atualizada com documentários e filmes traduzidos ou legendados.
No próximo dia 28/08 (segunda-feira), o trapper brasileiro Delatorvi, lançará um EP, em parceria com LR Beats, intitulado "A vida de Emmet Till", onde contará um pouco da história de Emmett Till. É a primeira vez que a história de Emmett Till é recontada, em música, em solo brasileiro. O EP será lançado no canal de Delatorvi e para ouvi-lo basta se inscrever aqui
Contatos da autora:
Twitter/Instagram: @fordessax
Medium: @fordessax
contatovasconcelos@outlook.com
Emmett Till — Homem negro, mundo branco.
Se teve um desenho que marcou a minha infância em todos os sentidos, esse desenho foi Super-choque. E quem não gostava do desenho, não é mesmo? Era representativo. Cumpria com um papel que desenho nenhum, que eu me lembre, cumpria, o da representatividade. De todas as maneiras Super-Choque era aquele que as crianças dos anos 80/90 gostariam de ver e se inspiravam.
E, se tem um assunto que é o centro da parada atual, é representatividade. Qual criança, negra, se sentiu representada por algum desenho onde o protagonista era branco, loiro, alto, cis? E, praticamente, todos os protagonistas de desenhos seguiam esse padrão, exceto os coadjuvantes. E é nessa parte que entra Super-Choque.
Moleque maneiro, morador da perifa, perdeu a mãe ainda muito novo em uma briga de gangue, que é assediado constantemente por essas gangues mas resiste. Resistência, esse é o nome. E, entre tantos assédios das gangues, bullyings na escola, sentimento de inferioridade em relação aos amigos brancos, desconexão com sua terra ancestral (mostrado no EP 29: Super Choque na África), o garoto vira herói. E vira herói no meio de uma treta de gangue.
Super Choque é de um estúdio chamado Milestone, que produzia somente desenhos onde os protagonistas eram negros. E as histórias envolviam coisas do cotidiano de adolescentes negros que residiam nos Estados Unidos, principalmente em Dakota. E os principais assuntos eram justamente as desigualdades sociais, envolvimentos com drogas e brigas de gangue e grandes corporações.
To escrevendo esse post depois de rever exatamente o episódio 29, onde Super-Choque volta pra África e aparece toda uma explicação sobre pan-africanismo e a unidade africana pelo mundo. Onde Super-Choque fala sobre ser apenas um garoto na África e não um garoto porém negro, como ele é visto em diáspora Americana. Esse desenho foi de grande impacto na minha infância, me recordo exatamente de esperar ele passar pra depois ir a escola, já que estudava a tarde. Lembro da ansiedade e do coração palpitando cada vez mais forte antes de começar o desenho, e eu não perdia um episódio, assistia a todos. Foi complicado ser uma criança negra, sem representação, mas Super-Choque supria essa representação, mesmo ele sendo apenas um desenho representativo entre dezenas de outros não representativos.
E deixo um recado aos pais de crianças negras: procurem desenhos representativos, eles podem ser didáticos e muito empoderadores como Super-Choque foi e é pra mim até hoje. Estou revendo o desenho há uns meses e a emoção nunca acaba, parece que é a primeira vez que o assisto. Acolha as suas crianças e a eduque, empoderando-a, em todos os sentidos e ao máximo possível, futuramente ela irá agradecer-lhes por isso.
Contatos da autora:
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SUPER CHOQUE SIM, SUPER CHOQUE PRA CARAMBA!
A “Thug Life” (em traduções livres, “vida bandida”) foi um movimento social criado por Tupac Shakur e seu padrasto, Mutulu Shakur, com o intuito de diminuir a violência policial e as mortes banais nos guetos dos EUA.
Por: Andressa VasconcelosO objetivo do movimento Thug Life, era recomendar que os “thugs” o que era adequado e o que não era adequado nas periferias, sempre priorizando o bem estar daqueles que ali moravam.
Em 1992, Tupac conseguiu reunir os Crips e os Bloods (gangues rivais) para assinarem o Código Thug Life, o evento ficou conhecido como Truc Picnic e ocorreu na Califórnia, atualmente as gangues ainda utilizam o Código Thug Life.
Ironicamente, Tupac foi considerado uma ameaça aos EUA por ter diagnosticado problemas sociais e por conseguir diminuir alguns dos problemas das periferias.
Gangues de várias áreas da cidade passaram a usar o Código Thug Life, o que fez a violência nesses locais caírem drasticamente. Mas, apesar da violência ter caído nos bairros que aderiram ao código, analistas de criminalísticas dizem que o código foi esquecido.
Os 26 mandamentos do Código Thug Life.
- Os mais novos nesse “jogo” precisam saber que: Ficará rico; Irá para a cadeia; Morrerá
- Aos líderes de gangue: Vocês são responsáveis pelo pagamento dos outros membros. Sua palavra deve ser como um contrato.
- Um rato em sua gangue é um rato em todas. Ratos são como doenças, cedo ou tarde iremos pegá-las.
- O líder de uma gangue deve selecionar um diplomata, e descobrir meios de resolver disputas. A união faz a força!
- Roubar carros em nossa área é contra o código.
- Traficar para crianças é contra o código.
- Fazer crianças traficarem é contra o código.
- Nada de tráfico nas escolas.
- Desde que o rato Nicky Barnes abriu a boca, caguetar os irmãos virou uma prática comum para muitos. Não para nós.
- Caguetas fiquem longe daqui.
- Os garotos de azul (referência aos policiais) não fazem nada; nós fazemos. Controle a área e deixe-a segura para lazer.
- Não trafique para mulheres grávidas. Isto é assassinato infantil; isso é genocídio!
- Conheça seu alvo. Quem realmente é seu inimigo.
- Civis não são um alvo, devem ser poupados.
- Lesões em crianças não serão perdoadas.
- Atacar alguém em casa, onde sua família também mora não é permitido.
- Brutalidade sem sentido e estupros devem acabar.
- Nossos velhos não podem sofrer abusos.
- Respeitar nossas irmãs. Respeitar nossos irmãos.
- Mulheres do cotidiano devem ser respeitadas, se elas se derem ao respeito.
- Disputas armadas relativas a áreas de negócio dentro da comunidade devem ser tratadas com profissionalismo e fora do bairro.
- Sem tiroteio em festas.
- Shows e festas são territórios neutros, não atirem!
- Conheça o código, ele vale para todos.
- Seja sagaz, ande ao lado do código da Thug Life
- Proteja você mesmo o tempo todo.
Contato da autora:
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Thug Life — A revolução nos guetos e seus mandamentos.
Tenho a honra de ser uma das colaboradoras do Black Panther e inicio essa jornada com um texto que tem uma grande importância pra mim, que é um dos assuntos que eu mais tenho discutido ultimamente, que é sobre a ausência de representatividade negra nas revistas femininas.
Representatividade. Essa é uma das palavras que mais tem feito parte da minha vida ultimamente.
Quando eu era
adolescente, isso nem faz tanto tempo assim, eu lia essas revistas que eram
destinadas a garotas da minha idade, e eu não me sentia representada. Claro que
com 14 anos eu não tinha essa noção. Eu não tinha claro que faltava alguma
coisa para mim. A sorte é que eu sempre tive uma família muito bem engajada nas
causas raciais e sociais, e sempre foram importantes nesse processo de
construção de autoestima. Mas mesmo assim, não posso dizer que eu sempre fui
muito bem resolvida comigo mesma. Mas por conta da minha família consegui não
ter um auto-ódio tão grande.
Voltando às
revistas adolescentes. Na época, como uma boa leitora e assinante dessas não me
encontrava. E ainda assim, não conseguia parar de ler, porque apesar de sentir
de uma maneira indireta (ou direta?) Que aquilo não era “pra mim”, eu
continuava lendo. E, às vezes, numa tentativa meio frustrada, tentava ser igual
as meninas dos editoriais. Tudo isso, junto a várias outras coisas que eu
passei durante esse período, só aumentaram a minha insegurança. Eu fico me
perguntando se não existe uma editora ou diretora de revista que não pensa que
“ei, nós podemos ter algumas leitoras negras, devemos escrever para elas
também”? Porque sinceramente, não é possível, uma vez que, às vezes, rola uma
exclusão descarada.
Reportagens do
tipo “Como ter o liso perfeito” “como
arrasar naquela make para balada” “como atrair o boy/crush que você esta de
olho”. Em reportagens como essas que pareciam inocentes, e só mais um
“tutorial” as revistas deixavam bem claro que não era para mim que elas
escreviam. Eu, mulher negra 4C nunca vou ter o tal do “liso perfeito”. As makes
que eles ensinavam eram só maquiagens que ficavam boas em meninas brancas. Ou
seja, não era pro meu bico. Em relação ao “crush”, eu me lembro de uma vez que
uma das dicas “para atrair o boy” envolvia jogar o cabelo, “amarrar o cabelo
com o lápis” pois “os garotos amam esse jeito despojado”. Hahahahahhahaha um
lápis nunca vai amarrar meu cabelo sem contar quando o editorial não vinha com
depoimentos sobre o tipo de menina que os caras curtiam, e bem, eu nunca me
encaixava nas definições. Em pequenas reportagens, reportagens inocentes, minha
insegurança aumentava. Minha autoestima era destruída pelo menos um pouquinho.
Eu já perdi a
conta de quantas vezes em comentários, ou em e-mails direcionados às diretoras ou
editoras de algumas revistas eu já reivindiquei o direito de me sentir
representada, e já perdi a conta de quantas vezes eu, nós meninas/mulheres
negras, fomos ignoradas. Ainda assim, acredito que tenho o direito de me sentir
representada. Representatividade importa pra caramba, porque eu enquanto mulher
negra sei como foi importante e ainda significa muito para mim. E vou continuar lutando por isso.
Por: Aretha Soyombo
Por: Aretha Soyombo
Revistas, representatividade e autoestima
“Eu trabalhei duro desde os cinco anos. Sou neta de escravos. Aparentemente a gente teve uma libertação que não existe até hoje.”
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Diva Guimarães e Lázaro Ramos se abraçam na FLIP. |
Como bem sabemos, a FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty), é um evento que, em sua maioria, atrai um público majoritariamente branco e classe média. Em meio a esse cenário, na sexta-feira, (28), uma mulher preta tomou o microfone da FLIP e contou sua história de vida.
“Eu fiquei muito emocionada que você chamou atenção de que estamos em uma plateia de maioria branca. Sou do sul do Paraná, você já pode imaginar… Só sobrevivi porque tive uma mãe que passou por toda humilhação para que os filhos pudessem estudar. Fui para um colégio interno aos cinco anos. Passavam as freiras, as missões pelas cidades recolhendo as crianças como se fosse assim… Em troca de você ir para essa escola estudar, na verdade você ia para trabalhar. Eu trabalhei duro desde os cinco anos. Sou neta de escravos. Aparentemente a gente teve uma libertação que não existe até hoje.” — Disse Diva Guimarães.Diva deu uma lição de vida em uma das maiores festas literárias do Brasil. Ensinando não só para o público, mas também para nós, que vimos pela internet, o que é ser preto no Brasil.
O vídeo:
“As pessoas não têm noção do quanto é doloroso ser sentenciado só por ter a tez mais escura. Vejo que as pessoas não se escutam mais. Quando estão incomodadas, começam a criar argumentos para silenciar os outros. Não devemos dar respostas, as perguntas que estabelecem o diálogo devem vir à frente”, disse Lázaro.Mais tarde, Lázaro Ramos em seu facebook descreveu os momentos mais marcantes da FLIP, onde descreveu o momento de Diva Guimarães como o “símbolo desta edição”.
Dona Diva Guimarães não emocionou só ao público da FLIP, mas a todo o Brasil. E agradecemos a mais velha pelas suas palavras.
Ass.,
Equipe Black Panther DNA.
DIVA GUIMARÃES — A mulher que marcou a 15ª edição da FLIP.
Por: Andressa Vasconcelos
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Tupac Shakur |
Ninguém sabe das minhas tretas, eles só vêem o problema sem saber que é difícil continuar quando ninguém te ama. Me imagine na miséria da pobreza, nenhum homem vivo testemunhou as tretas que eu sobrevivi. Rezando muito por dias melhores, prometo aguentar. Eu e meus parceiros não tivemos escolha se não se virar. — Thugz Mansion
Quando pensamos em Tupac conciliamos a imagem a um gangter, rapper e ator que se envolveu com inúmeras brigas de gangues americanas e acabou assassinado em uma dessas brigas. Mas o que não pensamos quando Tupac nos vem a cabeça é que ele era muito além de um rapper, muito além do Hip Hop.
Tupac Shakur nasceu em 1971, em East Harlem, Nova Iorque. Em uma pesquisa rápida podemos analisar que ele nasceu exatamente 11 anos após acabar a luta pelos direitos civis americanos, que se estendeu entre 1950 a 1960. Em uma breve pesquisa sobre os direitos civis americanos podemos constar também que Shakur é um dos sobrenomes mais citados em artigos sobre o assunto. Mas o que Tupac tem haver com a luta dos direitos civis? E o que um rapper, ator e dançarino têm haver com algo tão marcante na história dos EUA?
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Tupac Shakur e Afeni Shakur, sua mãe. |
Não entrarei diretamente no mérito da luta dos direitos civis onde seus familiares próximos estiveram
envolvidos. Focarei aqui (hoje pelo menos), no legado deixado por Tupac, que hoje é uma lenda não só para o hip hop, mas também para a militância preta em todo o mundo e, indo um pouco mais longe e ousando em dizer, para a história negra dos EUA.
Voltando ao que podemos entender por Tupac Amaru Shakur, podemos citar uma das suas obras mais magníficas, a Thug Life, hoje distorcida por muitos para seus próprios interesses.
Mas o que foi realmente a Thug Life?
A palavra “Thug Life” em tradução livre significa “vida bandida”. Foi um movimento social criado por Tupac e Razvan Birt, com o intuito de diminuir as mortes e a violência policial nos guetos dos EUA. O movimento tinha como o maior foco recomendar aos gangster o que poderia e o que não poderia ser feito nos guetos: Não poderiam haver sequestros, mortes banais e vendas de crack para moradores dos guetos. Isso revoltou o governo americano. Tupac conseguiu controlar e diagnosticar problemas sociais presentes nos lugares onde viveu e cresceu. O código Thug Life é representado por 26 mandamentos que são respeitados por gangues até hoje.
Em 1992, Tupac Shakur reuniu membros dos Crips e Bloods para assinarem o tratado de Thug Life e ambas as gangues se tornaram e, ainda hoje são, as que mais seguem a risca o tratado.
“É isso o que eu quero fazer, sabe? Fazê-los amar o meu povo preto. Então, é assim que eu vou viver até morrer, é disso que eu preciso. É isso que eu mostro em minhas atuações, em minhas produções, em minhas entrevistas, em tudo. Faço as pessoas amarem o meu povo preto.” — Tupac Amaru Shakur
Quando falamos de Tupac, estamos indo além do hip hop, por mais que a música e o cinema descrevam muito sobre essa lenda, estamos falando de um homem completo que fez história até onde foi possível em seu pouquíssimo tempo de vida. Ele se sentia na responsabilidade de completar a missão que seus pais e parentes haviam começado e assim o fez, perfeitamente. Viveu para isso e após sua morte tornou-se lendário. Falar de Tupac é respeitar esse legado e sua importância para um povo inteiro marginalizado, não só nos EUA mas também mundialmente. Tupac é símbolo de uma juventude e é representatividade para todos nós. Falar de Tupac é carregar a responsabilidade de não distorcer a missão de uma das figuras mais representativas do mundo. E falar de vida e morte de Tupac é ter consciência da responsabilidade que um jovem carregou nos ombros para com aqueles que ele priorizava, sem qualquer margem para dúvidas, Tupac dedicou até sua vida amorosa e afetiva em prol do seu povo. Ele era e continua sendo uma lenda.
Contato do autor:
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