Emmett Till — Homem negro, mundo branco.
Emmett Louis Till foi um menino negro americano, morto aos 14 anos, após ser acusado, injustamente, de assediar uma mulher branca.
Emmett Till e sua mãe, Mamie Till-Mobley |
Emmett Louis Till (25 de junho de 1941 - 28 de agosto de 1955) foi um menino negro de Illinois, Chicago, assassinado aos 14 anos na cidade de Money, no Mississipi, após ser acusado de assoviar para Carolyn Bryant, uma mulher branca. O assassinato de Emmett Till repercurtiu tanto que contribuiu também para o crescimento da luta pelos Direitos Civis.
Antes do assassinato
Emmett Till |
Em 24 de agosto de 1955, Emmett e seus amigos foram a um mercadinho local comprar chiclete, supostamente assoviou para uma mulher branca, Carolyn Bryant, que em resposta mostrou uma arma aos garotos. A história ainda nos dias de hoje é controversa, existindo relatos que dizem que Emmett disse "bye baby" para a mulher antes de deixar o local. É bom recordar que em 1955 ainda estava em exercício as leis de Jim Crow.
onde
Carolyn Bryant contou sobre o "ocorrido" para pessoas conhecidas e a história rapidamente se espalhou pela cidadezinha. O marido de Carolyn Bryant estava em uma viagem no dia do ocorrido, mas assim que retornou ficou sabendo do ocorrido e ficou furioso.
O assassinato
Roy Bryant, seu meio-irmão JW Milan e outro cúmplice do qual ainda não foi descoberto (mesmo
após 60 anos do assassinato), saíram no dia 28 de agosto afim de "ensinar uma lição" para a criança negra. Eles foram até a casa de Wright, o tio de Emmett, sequestraram o garoto e o levaram até um galpão na cidade vizinha, Sunflower Couty. Nesse galpão torturaram Emmett Till, o espancando, arrancando-lhe um dos olhos e, em seguida, atiraram no menino. Um descaroçador de algodão foi amarrado em seu pescoço com arame farpado, o que fez peso no corpo de Emmett. O garoto foi lançado no rio Tallahatchie perto de Pasadena, em Mississipi.
após 60 anos do assassinato), saíram no dia 28 de agosto afim de "ensinar uma lição" para a criança negra. Eles foram até a casa de Wright, o tio de Emmett, sequestraram o garoto e o levaram até um galpão na cidade vizinha, Sunflower Couty. Nesse galpão torturaram Emmett Till, o espancando, arrancando-lhe um dos olhos e, em seguida, atiraram no menino. Um descaroçador de algodão foi amarrado em seu pescoço com arame farpado, o que fez peso no corpo de Emmett. O garoto foi lançado no rio Tallahatchie perto de Pasadena, em Mississipi.
O desaparecimento
O corpo de Till ficou desaparecido por 3 dias, até que um pescador o encontrou no fundo do Rio Tallahatchie, desfigurado e parcialmente em decomposição. Após encontrar o corpo da criança, a polícia em conjunto com os dois irmãos brancos que mataram Emmett, tentaram convencer a população de que o corpo encontrado não era do garoto. Devido ao estado do corpo, as lesões da tortura, a identificação era precária, mas o corpo foi identificado como sendo de fato de Emmett, após reconhecerem o anel que a criança usava, que havia sido de seu pai e sua mãe tinha lhe dado um dia antes do garoto viajar para a casa do tio. Os irmãos Bryant foram acusados do assassinato do garoto no começo de Setembro do mesmo ano.
O funeral
Mamie Till-Mobley, mãe do menino, não autorizou que o corpo de Emmett fosse enterrado no Mississipi, obrigando o corpo a ser levado até Chicago, onde o garoto nasceu e onde moravam até o assassinato.
Já em Chicago, o funeral deveria acontecer com o caixão de Emmett fechado por causa do estado de decomposição que o corpo se encontrava e as lesões que desfiguraram a criança, mas após muita insistência de Mamie o caixão foi aberto e se manteve aberto durante todo o funeral, permitindo que pessoas tirassem foto e vissem o corpo da criança desfigurado. Segundo relatos, durante o funeral Mamie dizia "Eu quero que o mundo veja o que fizeram com o meu bebê". As fotos do corpo desfigurado de Emmett rodaram e rodam todo o mundo.
22 dias após o assassinato, 19 de setembro de 1955, o julgamento de Emmett Till começou. Moses Wright foi uma testemunha chave da acusação dos assassinos de Emmett, onde apontou para o acusado e identificou o assassino de Emmet. Numa sessão de 67 minutos, no dia 23 de setembro, o júri, branco, absolveu os assassinos do garoto. Para a corte que julgou o caso, o suposto assovio de Emmett Till a Carolyn Bryant, no dia 24 de agosto, justificava o linchamento e assassinato da criança. A absolvição dos assassinos impulsionou a luta pelos Direitos Civis.
Em 2004, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos reabriram o caso de Emmett afim de determinar que qualquer pessoa além de Milam, Bryant e Carolyn estava envolvido no assassinato do garoto. Em 2005 o corpo de Emmett foi exumado, porque nenhum autópsia até o momento havia sido feita. O corpo foi enterrado novamente dia 4 de Junho.
O assassinato de Emmett Till impulsionou a luta pelos Direitos Civis dos EUA. Emmet foi descrito como "o cordeiro sacrificial do movimento dos direitos civis". Dois meses após o julgamento, Rosa Parks se negou a levantar do assento a qual estava para ceder a um homem branco, o que explodiu no boicote ao ônibus Montgomery, liderado por Martin Luther King, em um movimento
pacifista.
Chegaram sem avisar
Mascando cacos de vidro
Com suas caras de cal
Os assassinos de Emmett
Entraram sem dizer nada
Com seu hálito de couro
E seus olhos de punhal
Os assassinos de Emmett
Quando o viram ajoelhado
Descarregaram-lhe em cima
O fogo de suas armas
Enquanto justificada
A mulher faz um guisado
Para esperar o marido
Que a mando seu foi vingá-la".
Timothy Tyson escreveu "The Blood of Emmett Till", lançado em 2017. Gwendolyn Brook escreveu o poema "A bronzeville mother loiters in Mississipi". Bob Dylan escreveu "The Death of Emmett Till". Mamie Till-Mobley estabeleceu um grupo chamado "The Emmett Till Players", onde ensinava jovens sobre discursos famosos nos direitos civis, o grupo existe até hoje. Christopher Benson e Mamie Till-Mobley escreveram o livro "The Story of the Hate Crime that Changed America". Whoopi Goldberg anunciou em 2015 os planos para um filme chamado Till, inspirado no livro de Mamie Till e sua peça The Face of Emmett Till. James Baldwin escreveu a peça teatral "Blues for Mr Charlie".
Já em Chicago, o funeral deveria acontecer com o caixão de Emmett fechado por causa do estado de decomposição que o corpo se encontrava e as lesões que desfiguraram a criança, mas após muita insistência de Mamie o caixão foi aberto e se manteve aberto durante todo o funeral, permitindo que pessoas tirassem foto e vissem o corpo da criança desfigurado. Segundo relatos, durante o funeral Mamie dizia "Eu quero que o mundo veja o que fizeram com o meu bebê". As fotos do corpo desfigurado de Emmett rodaram e rodam todo o mundo.
O Julgamento
22 dias após o assassinato, 19 de setembro de 1955, o julgamento de Emmett Till começou. Moses Wright foi uma testemunha chave da acusação dos assassinos de Emmett, onde apontou para o acusado e identificou o assassino de Emmet. Numa sessão de 67 minutos, no dia 23 de setembro, o júri, branco, absolveu os assassinos do garoto. Para a corte que julgou o caso, o suposto assovio de Emmett Till a Carolyn Bryant, no dia 24 de agosto, justificava o linchamento e assassinato da criança. A absolvição dos assassinos impulsionou a luta pelos Direitos Civis.
Os desdobramentos do caso
A revista Look pagou 4 mil dólares aos irmãos Bryant, após o julgamento, para que lhes contassem a verdade. Os assassinos admitiram que sequestraram, espancaram e mataram Emmett sobre o pretexto que "não havia escolha".
Mamie Till |
O assassinato de Emmett Till impulsionou a luta pelos Direitos Civis dos EUA. Emmet foi descrito como "o cordeiro sacrificial do movimento dos direitos civis". Dois meses após o julgamento, Rosa Parks se negou a levantar do assento a qual estava para ceder a um homem branco, o que explodiu no boicote ao ônibus Montgomery, liderado por Martin Luther King, em um movimento
pacifista.
"O assassinato de meu filho mostrou o que acontece com qualquer um de nós, em qualquer lugar do mundo, seria melhor ser uma obrigação de todos nós." Mamie Till-Mobley
"Eu penso em Emmett Till e sei que não posso voltar atrás." Disse Rosa Parks em entrevista, após se recusar a ceder o lugar no ônibus a um homem branco.
"Toda vez que ouvimos falar desses tiroteios, lembramos da morte de Emmett Till", disse Martin Luther King sobre a violência policial contra jovens negros
Placa colocada sobre o rio que Emmett Till foi encontrado morto |
A placa, que conta a história de Emmett Till, colocada sobre o Rio em que o garoto foi encontrado morto, foi vandalizada com quase 60 tiros. Enquanto a placa colocada onde ficava a casa de J.W Milam, seu assassino confesso, segue preservada e com flores em frente.
Placa que mostra a localização da casa de J.W Milam |
60 anos após o assassinato
Em Janeiro de 2017, saiu uma matéria na revista Vanity Fair, sobre o livro The Blood of Emmett Till (o sangue de Emmett Till), que conta que Carolyn Bryant, em uma entrevista em 2007, quando a mesma já tinha 72 anos, confessou que mentiu. Quando Timothy Tyson, autor do livro, a questiona sobre a acusação, ela afirma que "essa parte não é verdade", sobre Emmett Till tê-la agarrado fisicamente e tê-la agredido verbalmente. Carolyn também disse que não se lembrava do resto que tinha acontecido. Carolyn também afirmou que "sentiu uma terrível tristeza" por Mamie Till-Mobley.Obras feitas após o assassinato de Emmett Till
Após a morte de Emmett Till, obras foram feitas em homenagem ao garoto e para que não esqueçamos as injustiças causadas pela Jim Crow.
Vinicius de Moraes escreveu 'Blues para Emmett'
"Os assassinos de EmmettChegaram sem avisar
Mascando cacos de vidro
Com suas caras de cal
Os assassinos de Emmett
Entraram sem dizer nada
Com seu hálito de couro
E seus olhos de punhal
Os assassinos de Emmett
Quando o viram ajoelhado
Descarregaram-lhe em cima
O fogo de suas armas
Enquanto justificada
A mulher faz um guisado
Para esperar o marido
Que a mando seu foi vingá-la".
Timothy Tyson escreveu "The Blood of Emmett Till", lançado em 2017. Gwendolyn Brook escreveu o poema "A bronzeville mother loiters in Mississipi". Bob Dylan escreveu "The Death of Emmett Till". Mamie Till-Mobley estabeleceu um grupo chamado "The Emmett Till Players", onde ensinava jovens sobre discursos famosos nos direitos civis, o grupo existe até hoje. Christopher Benson e Mamie Till-Mobley escreveram o livro "The Story of the Hate Crime that Changed America". Whoopi Goldberg anunciou em 2015 os planos para um filme chamado Till, inspirado no livro de Mamie Till e sua peça The Face of Emmett Till. James Baldwin escreveu a peça teatral "Blues for Mr Charlie".
(o vídeo contém imagens fortes do corpo exposto, desfigurado e em decomposição de Emmett Till)
Infelizmente todos os documentários e vídeos sobre Emmett Till estão disponíveis apenas em inglês, porém assim que possível essa postagem será atualizada com documentários e filmes traduzidos ou legendados.
No próximo dia 28/08 (segunda-feira), o trapper brasileiro Delatorvi, lançará um EP, em parceria com LR Beats, intitulado "A vida de Emmet Till", onde contará um pouco da história de Emmett Till. É a primeira vez que a história de Emmett Till é recontada, em música, em solo brasileiro. O EP será lançado no canal de Delatorvi e para ouvi-lo basta se inscrever aqui
Contatos da autora:
Twitter/Instagram: @fordessax
Medium: @fordessax
contatovasconcelos@outlook.com
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