Como é ser LGBT em uma aldeia?
Por Kamilla Rodrigues
Nós sabemos o quanto é difícil para quem é LGBT viver na nossa sociedade, mas para um indígena a dificuldade é triplicada.
Durante cinco dias, universitários indígenas de todo o país se reuniram com lideranças indígenas e grupos de discussão para debater pautas tradicionais como autonomia e a demarcação de terras, e trouxeram em mesa assuntos em que a juventude vivencia, como racismo, políticas de educação e pela primeira vez, o tema LGBT.
No Brasil inteiro existem vários indígenas que sofrem calados por falta de representatividade do movimento, existem vários indígenas LGBT's e essa pauta não é falada. O movimento é muito pautado ainda por questões de demarcação e ambiente, é óbvio que isso precisa ser discutido, mas será que não tem um espaço, nem por menor que seja para discutir sobre isso?
Por que falar desse tema? É necessário?
Todos sabemos que, o próprio registro da história da sexualidade em geral, são discutidos e vistos por um discurso conservador da moralidade católica, a história da homossexualidade é completamente construída sob um discurso que repreende, que nega e que excluí a comunidade LGBT.
Então a gente sabe que isso não é de agora, a proibição veio de fora, nós precisamos pensar: Isso é realmente algo que eles pensam ou que foram obrigados a pensar?
O primeiro registro de homofobia no Brasil ocorreu em São Luís - Maranhão, em 1612. Seu nome era Tibira, ele foi perseguido pelos franceses por ser homossexual e foi colocado na boca de um canhão e explodido. A igreja ainda o usou como exemplo em sua aldeia, colocando medo em todos e alertando que se alguém também fosse homossexual, era esse o seu fim.
Indígenas gays não começaram a existir agora, sempre existiram e sempre foram calados, mortos, estuprados e é algo que precisa realmente ser discutido. Era rotina brancos matarem indígenas por qualquer motivo que seja, ainda mais por ser LGBT, e isso ainda continua. A colonização domina cada pedacinho da vida do colonizado, inclusive essa parte mais afetiva e precisamos quebrar essa corrente que os brancos colocaram em nós.
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