SUPER CHOQUE SIM, SUPER CHOQUE PRA CARAMBA!




Se teve um desenho que marcou a minha infância em todos os sentidos, esse desenho foi Super-choque. E quem não gostava do desenho, não é mesmo? Era representativo. Cumpria com um papel que desenho nenhum, que eu me lembre, cumpria, o da representatividade. De todas as maneiras Super-Choque era aquele que as crianças dos anos 80/90 gostariam de ver e se inspiravam.

E, se tem um assunto que é o centro da parada atual, é representatividade. Qual criança, negra, se sentiu representada por algum desenho onde o protagonista era branco, loiro, alto, cis? E, praticamente, todos os protagonistas de desenhos seguiam esse padrão, exceto os coadjuvantes. E é nessa parte que entra Super-Choque.

Moleque maneiro, morador da perifa, perdeu a mãe ainda muito novo em uma briga de gangue, que é assediado constantemente por essas gangues mas resiste. Resistência, esse é o nome. E, entre tantos assédios das gangues, bullyings na escola, sentimento de inferioridade em relação aos amigos brancos, desconexão com sua terra ancestral (mostrado no EP 29: Super Choque na África), o garoto vira herói. E vira herói no meio de uma treta de gangue.

Super Choque é de um estúdio chamado Milestone, que produzia somente desenhos onde os protagonistas eram negros. E as histórias envolviam coisas do cotidiano de adolescentes negros que residiam nos Estados Unidos, principalmente em Dakota. E os principais assuntos eram justamente as desigualdades sociais, envolvimentos com drogas e brigas de gangue e grandes corporações.

To escrevendo esse post depois de rever exatamente o episódio 29, onde Super-Choque volta pra África e aparece toda uma explicação sobre pan-africanismo e a unidade africana pelo mundo. Onde Super-Choque fala sobre ser apenas um garoto na África e não um garoto porém negro, como ele é visto em diáspora Americana. Esse desenho foi de grande impacto na minha infância, me recordo exatamente de esperar ele passar pra depois ir a escola, já que estudava a tarde. Lembro da ansiedade e do coração palpitando cada vez mais forte antes de começar o desenho, e eu não perdia um episódio, assistia a todos. Foi complicado ser uma criança negra, sem representação, mas Super-Choque supria essa representação, mesmo ele sendo apenas um desenho representativo entre dezenas de outros não representativos.



E deixo um recado aos pais de crianças negras: procurem desenhos representativos, eles podem ser didáticos e muito empoderadores como Super-Choque foi e é pra mim até hoje. Estou revendo o desenho há uns meses e a emoção nunca acaba, parece que é a primeira vez que o assisto. Acolha as suas crianças e a eduque, empoderando-a, em todos os sentidos e ao máximo possível, futuramente ela irá agradecer-lhes por isso.

Contatos da autora:

Twitter/Instagram: @fordessax
contatovasconcelos@outlook.com

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